Prefeituras
distribuem milhares de camisinhas durante o Carnaval em todo o estado de São Paulo.

A marchinha de
Carnaval da época do Chacrinha já recomendava: “bota a camisinha, bota, meu
amor”. Mas a brincadeira passa longe da folia durante esses dias de festas para
as autoridades públicas de Saúde. As principais cidades paulistas vão colocar
nas ruas o bloco da prevenção. O alerta é específico. A ordem nos dias de
festas, comemorações, dança, amores e sexo é usar camisinha para evitar risco
de contrair aids, e outras doenças sexualmente transmissíveis. A aids é o foco
principal das prefeituras.
Campanha
lançada na semana passada pelo Ministério da Saúde fez o alerta geral para o
país. A aids é uma epidemias estabilizada, mas são registrados cerca de 39 mil
casos todos os anos da doença. No total, 104 milhões de preservativos foram
distribuídos pelo governo, cerca de 10% para cidades do Estado de São Paulo.
Em média, a taxa nacional de incidência da doença é de 20 casos para
grupos de 100 mil moradores. De acordo com boletim disponível na Secretaria
Estadual de Saúde, existem cidades em São Paulo com taxas acima da média
nacional. (veja tabela ao lado). O ano de referência da tabela estadual é 2011
e as prefeituras apontam como taxas oficiais percentuais menores.
Rio Preto,
Campinas e São Bernardo estão, conforme dados do estado entre as que possuem
maiores taxas, nas cidades da área de abrangência da Rede BOM DIA. Não à toa,
nessas e demais cidades as campanhas serão permanentes no Carnaval. São
Bernardo, por exemplo, fez campanha antes mesmo da festa com distribuição de
camisinhas.
Rio Preto
vai distribuir 1,5 mil kits com quatro preservativos cada e até a camisinha
feminina. Em Diadema, uma Kombi também fez distribuição antes de começar a
folia e chegou a 16 mil preservativos na última quinta. Somando ainda
Sorocaba, Bauru e Santo André será quase um milhão de preservativos para os
dias de festa, sem contar ações especiais. Foliões sabem da importância de se
prevenir. “Tem de ter não só com pessoa desconhecida, mas com conhecida também.
Ninguém sabe se a pessoa está doente vendo a cara”, afirma o analista de
negócios Felipe Rodrigues Bueno, que vai para a folia com
responsabilidade.
Opinião
Irinei Maia,
chefe da disciplina de infectologia da Famerp
Ideal é
fazer teste duas vezes ao ano
O período de
Carnaval é propício para infecção do vírus HIV. As pessoas sabem como evitar e
muitas não utilizam preservativo e os casos de aids continuam. Por isso,
acho que essas campanhas feitas durante o Carnaval deveriam ser permanentes, de
todos os governos, o ano todo. É preciso usar preservativo. Minoria das pessoas
têm sintomas que podem demorar de sete a dez anos para aparecer. Enquanto isso,
a pessoa está transmitindo o vírus. O ideal é fazer exame de aids pelo menos
duas vezes ao ano. A aids não está na cara da pessoa.
Período de
festa requer cuidado extremo, diz Gada
O Carnaval é
um período sazonal em que o risco de contrair doenças sexualmente
transmissíveis, como aids, é maior. Por isso, as orientações sobre uso de
preservativos são tão intensas de acordo com o coordenador de projetos do Gada
(Grupo de Amparo ao Doente com Aids), de Rio Preto, Fábio Takahashi. “Não
existe outro método mais indicado para prevenir aids do que o uso de
preservativo nas relações sexuais. No Carnaval as pessoas devem ter isso em
mente e usar preservativo, que pode ser obtido gratuitamente em qualquer
unidade de saúde além de outros locais como escolas e universidades. Também há
ações em clubes e bailes”, afirma. Segundo o coordenador, além disso, as
pessoas devem fazer teste da doença. “Quanto antes se detecta, ajuda muito no tratamento”,
alerta Takahshi.
Prefeituras
apontam queda na taxa de aids
Dados
divulgados pelos municípios apontam diferenças sobre balanço disponível pelo
governo estadual em boletim da Secretaria de Saúde
Dados
divulgados por prefeituras consultadas pelo BOM DIA apontam redução de casos da
doença comparados com tabela disponibilizada neste ano pelo governo estadual
sobre a aids. Segundo a assessoria de Jundiaí, por exemplo, a taxa de
incidência da doença no ano passado ficou em 14,3% em grupo de 100 mil pessoas,
abaixo da média nacional. De acordo com o Ministério da Saúde, a taxa de
detecção nacional foi de 20,2 casos para cada 100.000 habitantes no final de
2012. Dados do governo federal sobre 2013 são parciais ainda.
A prefeitura
de Santo André informou que taxa no município foi de 10,3 em grupos de 100 mil
moradores em 2012. No ano passado o balanço ainda não foi finalizado. Segundo a
prefeitura, em 2011 foram notificados 100 casos de aids e 72 no ano posterior.
A Prefeitura
de Bauru informou que a taxa de incidência de aids em 2013 foi de 12,2 casos
por 100 mil habitantes. O município contabilizou 56 casos em 2011, 45, em 2012
e 44 no ano passado. Campinas é a cidade em que a resposta oficial mais se
aproxima da tabela de aids no estado, disponível no site www.saude.sp.gov.br. A
taxa da doença em Campinas foi de 25 em 2012. Em Diadema, a taxa
divulgada pelo município foi de 9,2 de incidência de aids no ano passado. A
cidade registrou 39 casos em 2013 e 22 em 2012. A assessoria de Rio Preto
afirma que possui alta taxa porque realiza grande quantidade de testes da
doença. Sorocaba informou aumento no ano passado: 240 contra 161 em 2012.
Estado
limita-se a divulgar número de dados
Questionado
pelo BOM DIA sobre indecência de aids no estado, a assessoria do governo
estadual limitou-se divulgar números da doença. Apontou 8.655 casos em
2011 e 7.561 em 2012.
104 milhões de preservativos foram enviados aos estados
pelo governo federal
Oito cidades
têm maior incidência
Oito cidades
paulistas estão entre as 20 da região Sudeste com maior incidência de aids:
Caraguatatuba, Votuporanga, Barretos, Rio Preto, Santos, Tatuí, Araras e
Cubatão.
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