sábado, 1 de março de 2014

Aids e folia lançam alertas nos salões



Prefeituras distribuem milhares de camisinhas durante o Carnaval em todo o estado de São Paulo.
 
A marchinha de Carnaval da época do Chacrinha já recomendava: “bota a camisinha, bota, meu amor”. Mas a brincadeira passa longe da folia durante esses dias de festas para as autoridades públicas de Saúde. As principais cidades paulistas vão colocar nas ruas o bloco da prevenção. O alerta é específico. A ordem nos dias de festas, comemorações, dança, amores e sexo é usar camisinha para evitar risco de contrair aids, e outras doenças sexualmente transmissíveis. A aids é o foco principal das prefeituras. 

Campanha lançada na semana passada pelo Ministério da Saúde fez o alerta geral para o país. A aids é uma epidemias estabilizada, mas são registrados cerca de 39 mil casos todos os anos da doença. No total, 104 milhões de preservativos foram distribuídos pelo governo, cerca de 10% para cidades do Estado de São Paulo.  Em média, a taxa nacional de incidência da doença é de 20 casos para grupos de 100 mil moradores. De acordo com boletim disponível na Secretaria Estadual de Saúde, existem cidades em São Paulo com taxas acima da média nacional. (veja tabela ao lado). O ano de referência da tabela estadual é 2011 e as prefeituras apontam como taxas oficiais percentuais menores.

Rio Preto, Campinas e São Bernardo estão, conforme dados do estado entre as que possuem maiores taxas, nas cidades da área de abrangência da Rede BOM DIA. Não à toa, nessas e demais cidades as campanhas serão permanentes no Carnaval. São Bernardo, por exemplo, fez campanha antes mesmo da festa com distribuição de camisinhas.

Rio Preto vai distribuir 1,5 mil kits com quatro preservativos cada e até a camisinha feminina. Em Diadema, uma Kombi também fez distribuição antes de começar a folia e chegou a  16 mil preservativos na última quinta. Somando ainda Sorocaba, Bauru e Santo André será quase um milhão de preservativos para os dias de festa, sem contar ações especiais. Foliões sabem da importância de se prevenir. “Tem de ter não só com pessoa desconhecida, mas com conhecida também. Ninguém sabe se a pessoa está doente vendo a cara”, afirma o analista de negócios Felipe Rodrigues Bueno, que vai  para a folia com responsabilidade.

Opinião
Irinei Maia, chefe da disciplina de infectologia da Famerp

Ideal é fazer teste duas vezes ao ano 

O período de Carnaval é propício para infecção do vírus HIV. As pessoas sabem como evitar e muitas não utilizam preservativo  e os casos de aids continuam. Por isso, acho que essas campanhas feitas durante o Carnaval deveriam ser permanentes, de todos os governos, o ano todo. É preciso usar preservativo. Minoria das pessoas têm sintomas que podem demorar de sete a dez anos para aparecer. Enquanto isso, a pessoa está transmitindo o vírus. O ideal é fazer exame de aids pelo menos duas vezes ao ano. A aids não está na cara da pessoa.

Período de festa requer cuidado extremo, diz Gada

O Carnaval é um período sazonal em que o risco de contrair doenças sexualmente transmissíveis, como aids, é maior. Por isso, as orientações sobre uso de preservativos são tão intensas de acordo com o coordenador de projetos do Gada (Grupo de Amparo ao Doente com Aids), de Rio Preto, Fábio Takahashi. “Não existe outro método mais indicado para prevenir aids do que o uso de preservativo nas relações sexuais. No Carnaval as pessoas devem ter isso em mente e usar preservativo, que pode ser obtido gratuitamente em qualquer unidade de saúde além de outros locais como escolas e universidades. Também há ações em clubes e bailes”, afirma. Segundo o coordenador, além disso, as pessoas devem fazer teste da doença. “Quanto antes se detecta, ajuda muito no tratamento”, alerta Takahshi.

Prefeituras apontam queda na taxa de aids

Dados divulgados pelos municípios apontam diferenças sobre balanço disponível pelo governo estadual em boletim da Secretaria de Saúde

Dados divulgados por prefeituras consultadas pelo BOM DIA apontam redução de casos da doença comparados com tabela disponibilizada neste ano pelo governo estadual sobre a aids. Segundo  a assessoria de Jundiaí, por exemplo, a taxa de incidência da doença no ano passado ficou em 14,3% em grupo de 100 mil pessoas, abaixo da média nacional. De acordo com o Ministério da Saúde, a taxa de detecção nacional foi de 20,2 casos para cada 100.000 habitantes no final de 2012. Dados do governo federal sobre 2013 são parciais ainda. 

A prefeitura de Santo André informou que taxa no município foi de 10,3 em grupos de 100 mil moradores em 2012. No ano passado o balanço ainda não foi finalizado. Segundo a prefeitura, em 2011 foram notificados 100 casos de aids e 72 no ano posterior.

A Prefeitura de Bauru informou que a taxa de incidência de aids em 2013 foi de 12,2 casos por 100 mil habitantes. O município contabilizou 56 casos em 2011, 45, em 2012 e 44 no ano passado. Campinas é a cidade em que a resposta oficial mais se aproxima da tabela de aids no estado, disponível no site www.saude.sp.gov.br. A taxa da doença em Campinas foi de 25 em 2012.  Em Diadema, a taxa divulgada pelo município foi de 9,2 de incidência de aids no ano passado. A cidade registrou 39 casos em 2013 e 22 em 2012. A assessoria de Rio Preto afirma que possui alta taxa porque realiza grande quantidade de testes da doença. Sorocaba informou aumento no ano passado: 240 contra  161 em 2012.

Estado limita-se a divulgar número de dados 
Questionado pelo BOM DIA sobre indecência de aids  no estado, a assessoria do governo estadual  limitou-se divulgar números da doença. Apontou 8.655 casos em 2011 e  7.561 em 2012.
104 milhões de preservativos foram enviados aos estados pelo  governo federal 
Oito cidades têm maior incidência

Oito cidades paulistas estão entre as 20 da região Sudeste com maior incidência de aids:  Caraguatatuba, Votuporanga, Barretos, Rio Preto, Santos, Tatuí, Araras e Cubatão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário