Abordagem consiste em usar próprio sistema imunológico
contra câncer.
Pesquisa foi publicada esta semana na 'Science Translational Medicine.
Uma nova abordagem para tratar a leucemia, que consiste em
usar o próprio sistema imunológico para matar as células cancerígenas,
conseguiu resultados positivos contra a doença em 88% dos adultos afetados e
submetidos ao procedimento, de acordo com pesquisa publicada nesta quarta-feira
(19) na revista "Science Translational Medicine".
O relatório traz novas e boas notícias para o florescente
campo da imunoterapia contra o câncer, que usa o que alguns descrevem como uma
"droga vivente" e foi considerado pela revista "Science"
como o maior avanço de 2013.
O último teste foi feito com 16 pessoas com um tipo de
câncer no sangue conhecido como leucemia linfoblástica aguda (LLA). Mil e
quatrocentas pessoas morrem de LLA nos Estados Unidos todos os anos e, embora
seja um dos tipos de câncer mais tratáveis, os pacientes frequentemente se
tornam resistentes à quimioterapia e sofrem recaídas da doença.
Neste estudo, entre 14 e 167 pacientes tiveram uma remissão
completa, depois que suas células T foram modificadas para se concentrar na
erradicação do câncer.
A idade média dos pacientes foi de 50 anos e todos estavam à
beira da morte quando ingressaram no teste, uma vez que a doença tinha voltado
ou eles tinham percebido que a quimioterapia não funcionava mais.
A maior remissão tem dois anos de duração, disse o autor
Renier Brentjens, do Memorial Sloan Kettering Cancer Center.
Sem este tratamento, só 30% dos pacientes que sofreram
recaída da doença responderiam à quimioterapia, segundo estimativas dos
pesquisadores.
Educar as células T
O processo supõe remover algumas das células T dos pacientes e alterá-las com um gel para que reconheçam uma proteína - conhecida como CD19 - nas células cancerígenas e atacá-las. As células T sozinhas conseguem atacar outros invasores nocivos ao corpo humano, mas permitiriam que o câncer cresça de forma ininterrupta.
O processo supõe remover algumas das células T dos pacientes e alterá-las com um gel para que reconheçam uma proteína - conhecida como CD19 - nas células cancerígenas e atacá-las. As células T sozinhas conseguem atacar outros invasores nocivos ao corpo humano, mas permitiriam que o câncer cresça de forma ininterrupta.
"Basicamente o que fazemos é reeducar as células T no
laboratório, com terapia genética, para reconhecer e matar células com
tumores", disse Brentjens, acrescentando que após 15 anos de trabalhos,
esta tecnologia "parece realmente funcionar em pacientes com este tipo de
câncer".
No ano passado, sua equipe divulgou os primeiros resultados
promissores em cinco pacientes adultos, curados após fazer o tratamento. O
pesquisador avaliou que entre 60 e 80 pessoas nos Estados Unidos ingressaram
desde então nos testes experimentais do novo tratamento, também estudado na
Europa.
Não é acaso
Em dezembro de 2013, especialistas de vários centros americanos onde se realizam testes apresentaram suas descobertas no encontro anual da Sociedade Americana de Hematologia, inclusive a Universidade da Pensilvânia.
Em dezembro de 2013, especialistas de vários centros americanos onde se realizam testes apresentaram suas descobertas no encontro anual da Sociedade Americana de Hematologia, inclusive a Universidade da Pensilvânia.
Brentjens explicou que outros centros de pesquisa
conseguiram taxas de remissão similares em seus estudos até o momento,
"demonstrando que isto não é um acaso". "Este é um fenômeno
real", que pode se tornar uma "reviravolta paradigmática na forma
como nos aproximamos do tratamento do câncer", disse o especialista.
Os cientistas tentam agora averiguar porque o tratamento
funciona em todos os pacientes e identificar células receptivas de tipos de
câncer específicos que poderiam fazer com que, no futuro, a técnica servisse
para remover outros tipos de tumores.
A terapia continua sendo cara (100 mil dólares por pessoa),
embora os especialistas acreditem que o preço diminuirá uma vez que as empresas
farmacêuticas se envolvam mais e a técnica se expanda.
Em: 20/02/2014
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