quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Linguagem de cinais para o Técnico de Enfermagem.

EQUIPE:
  • Everson Santana
  • Eddye A. Carmo
  • Daniele dos Santos
  • Brenda Tavares
  • Caticilene Cabral
  • Arlete Pilheiro 



Resumo

A comunicação não verbal é muito comum em hospitais, lugar onde se encontram pessoas doentes e impossibilitadas de se comunicarem verbalmente, sendo possível a comunicação não verbal de seus pacientes.

Essa comunicação pode ser feita através de gestos e expressões corporais, uma dessas maneirar é a utilização de gráficos e escutas que podem demonstrar a necessidade do paciente. Um dos gráficos mais utilizados em hospitais e a escala de “dor”, nessa escala a equipe poderá perguntar ao paciente que nota, de 1 a 10, ele da para a dor que esta sentindo. A equipe de enfermagem também pode compreender seus pacientes através de gestos e da Para-Linguagem, como choros, gritos, bocejos e risos.

Indivíduos com limitação auditiva tem seu processo comunicativo prejudicado. Procurou-se explorar aspectos da comunicação da enfermeira com os deficientes auditivos. Estudo descritivo-exploratório, realizados em hospitais de Fortaleza de maio a junho de 2004 mediante entrevistas abertas analisadas qualitativamente. As enfermeiras percebem que é difícil a comunicação com o deficiente auditivo, embora algumas tenham desenvolvimento satisfatório. Nesse processo, algumas preferem utilizar tanto a comunicação não verbal, por mimica e leitura labial, como a comunicação verbal oral e escrita. Outras utilizam o acompanhante, quebrando o signo da consulta. Para aperfeiçoar a comunicação, sugere-se o preparo profissional na graduação e cursos de LIBRAS. Conforme se conclui, existe dificuldade da enfermeira ao se comunicar com o deficiente auditivo.


Introdução

A audiçãoé osentido por meio do qual se percebemos sons, o caso dos deficientes auditivos, esses podem ser classificados em surdos totais e surdos parciais. O totalmente surdo é aquele em que a audição não é funcional na vida comum; e o parcialmente surdo é aquele em que a audição, embora deficiente, é funcional, com ou sem prótese auditiva. Esse tipo de deficiência é bastante frequente, pois segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 15% da população brasileira é portadora de alguma deficiência auditiva.

A deficiência auditiva, foco deste estudo, é tratada por muitos autores como o tipo da deficiência de mais difícil convívio com o restante da sociedade. Ao se comparar as pessoas com deficiência física, auditiva e visual, o deficiente auditivo é o que enfrenta maior dificuldade de inclusão na sociedade, porquanto a audição é o sentido essencial para a aquisição e uso da linguagem. Em face de invisibilidade da sua limitação, muitas vezes este deficiente é estigmatizado com revoltado e dissimulado.

Nos dias atuais, preconiza a humanização da assistência em saúde em que esta se configura como indicador de qualidade do serviço prestado, e é imprescindível falar em comunicação.

Poucas referências foram encontradas sobre a utilização da LIBRA por profissionais de saúde. Além disso, o comportamento não verbal dos profissionais expressa distanciamento e pouca inclinação para a interação pessoal. Portanto, investir na formação de profissionais para a abordagem do individuo surdo favorece a assistência com igualdade social e a conquista de um espaço para o exercício da cidadania entre os deficientes auditivos.

Considerando a dificuldade de comunicação encontrada por esses indivíduos ao procurarem uma unidade de serviço de saúde e também que a equipe de enfermagem, entre os profissionais de saúde, é a que estabelece o relacionamento mais estreito com o cliente, torna-se indisponível que ambos, equipe e cliente, tenham condições de interagir de forma eficiente, uma vez que isso permitirá uma assistência de melhor qualidade, pois esta é parcialmente dependente do vinculo que se forma entre o profissional e o cliente.


Evolução da Comunicação

A Comunicação constitui-se no processo de troca de mensagem entre indivíduos com o intuito de compreender o mundo, interagir com os outros e transformar a si próprio e o contexto no qual se insere. É uma condição essencial para o desenvolvimento do ser humano em todo o seu ciclo vital. Inicialmente, o homem utiliza sons e gestos para obter o que deseja porem este modo de se comunicar evolui á medida que se tornam mais amplas e complexas as suas relações sociais.

A linguagem permite o homem compartilhar significados e então reconhecer o sofrimento humano, bem como percepções de dor ou prazer, permitindo-lhe expressar ao outro o reconhecimento que tem sobre seus sentimentos.

Entre as formas de comunicação, encontra-se a linguagem, entendida neste estudo, como o conjunto de significações que utiliza códigos finitos para representar inúmeros significados. Anteriormente, somente a linguagens faladas e passiveis de serem compreendidas por meio da audição possuíam status linguísticos. Foi na década de 60 que as línguas de sinais foram estudadas a analisadas. Atualmente, existe a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) que também adquiriu status, porque os portadores de surdez passaram a ser visto como uma parcela significativa da população e dessa forma, necessitam ser integrados a sociedade, o que pode ser conseguido, em parte, através da comunicação.

A LIBRA teve sua origem no Alfabeto Manual Francês que chegou ao Brasil em 1856 e no momento, é a língua adotada e compreendida por surdos brasileiros, que pode ser compreendida por qualquer pessoa interessada pela comunicação com deficientes auditivos.

Cada vez mais, pesquisadores e professores da área de educação buscam diferentes formas de interagir e construir conhecimentos referentes á comunicação, mas a educação de surdo a ainda é um assunto polêmico.


A comunicação do paciente surdo com o médico

Pacientes surdos utilizam o sistema de saúde de modo diferente dos pacientes ouvintes e relatam dificuldades representadas por medo, desconfiança e frustação. A consequência é buscarem assistência médica com menos frequência. Isso fica evidente no depoimento de uma paciente que assim se expressou: “Tive medo de não ser compreendida, tive que esperar mais ou menos 5 (Cinco) dias para minha mãe chegar e ir comigo ao médico”.

É inegável a necessidade de uma melhor comunicação dos médicos com os pacientes surdos, no entanto a comunicação com as pessoas surdas continua negligenciada nos sistemas de saúde. Por isso, a linguagem não verbal é um recurso de comunicação que precisa ser conhecido e valorizado na pratica das ações em saúde. Mesmo que não se conheça língua de sinais, é fundamental interpretar seus aspectos suprassegmentais que incluem gestos, expressões faciais e corporais. Outra paciente abordou esta questão da seguinte maneira: “Seria bom se os profissionais da saúde soubessem a Língua de Sinais. A doença muitas vezes não pode esperar até que se consiga um interprete, ou quadro pode se agravar. Foi oque aconteceu com migo”.

Em geral, os médicos não estão suficientemente preparados para cuidar do paciente surdo, pois na formação acadêmica o currículo não contempla as habilidades necessárias para atender essa população. Sem dúvida, uma afetiva comunicação com os pacientes surdos é primordial na área da saúde, isso porque uma comunicação inadequada pode levar a erros no diagnostico das doenças e no tratamento.

O Surdo, sua língua e a relação médico-paciente.

A surdez caracteriza-se pela redução da percepção do som, em grau variado, o que dificulta a aquisição da linguagem oral de forma natural. Ai, então, a comunidade surda passa a usar a língua de sinais como primeiro meio de comunicação, sendo este um dos fatores que representam o sentimento de pertencimento a uma cultura, embora nem todas as pessoas surdas se considerem membros de uma comunidade, com características únicas, linguagem e normas sociais. Um fato a ser ressaltado é que a surdez distingue-se de outras deficiências, não pela deficiência física propriamente dita, mas pela dificuldade de estabelecer comunicação entre pessoas.


Para vencer essas barreiras surgiram as Línguas de Sinais, presentes nos cinco continentes. No Brasil a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais)foi conhecida como meio legal de comunicação e expressão da comunidade surda pela Lei Federal n° 10.436/02. Em 22 de Dezembro de 2005, foi publicado no diário Oficial da União o Decreto n° 5.626 que a regulamenta. Destacaremos o artigo 25 do capitulo VII que garantem a saúde das pessoas surdas:

“A partir de um ano da publicação desse Decreto, o (SUS) Sistema Único de Saúde e as empresas que detêm concessão ou permissão de serviços públicos de assistência á saúde, na perspectiva das pessoas surdas ou com deficiência auditiva em todas as esferas da vida social, devem garantir a atenção integral a saúde, nos diversos níveis de complexidade e especialidade médicas, efetivando:

I - ações de prevenção e desenvolvimentos de programas de saúde auditiva;

II – tratamento clinico e atendimento especializado, respeitando as especificidades de cada caso;

IX –atendimento a pessoas surdas ou deficiência auditiva na rede de serviços do SUS e das empresas que detêm concessão ou permissão de serviços públicos de assistência á saúde, por profissionais capacitados para ouso de Libras ou para tradução e interpretação;

X –apoio a capacitação e formação de profissionais de rede de serviços do SUS para o uso de libras e sua tradução e interpretação.

História da evolução e integração Para com as pessoas deficientes.

De acordo Sassaki e Santos apud CHAVEIRO e BARBOSA (2005) a história das formas de tratamento para com os deficientes pode ser divida em: “exclusão, segregação, integração e inclusão”. Na década de 40, final do século XIX, ocorreu o período de exclusão e segregação. Na primeira, os deficientes eram considerados “inválidos, inúteis, chegando, em algumas culturas, ao extermínio.” Já no século XX, ocorre a fase da segregação, onde foram criadas grandes instituições para abrigá-los, em forma de internato. A integração ocorre nas décadas de 1950 a 1980, fazendo com que os deficientes se esforçassem para se adaptarem ao meio social. A fase de inclusão surge na década de 1980 até os dias atuais. Nesta concepção os indivíduos devem se adaptar as necessidades das pessoas, sendo elas deficientes ou não.


Em 1981 foi escolhido pelas Nações Unidas como o Ano Internacional das Pessoas Deficientes. No ano de 1982 o Programa de Ação Mundial para as pessoas com deficiência foi aprovado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, tendo como intenção: “promover medidas eficazes para a prevenção da deficiência e para a reabilitação e a realização dos objetivos de igualdade e de participação plena das pessoas com deficiências na vida social e no desenvolvimento”. (CEDIPOD, 1992)

No Brasil este acontecimento ajudou para colaborar com os movimentos das pessoas portadoras de deficiência. A Lei 7.853, de 24 de outubro de 1989 dispõe sobre: “O apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência – Corde institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes, e dá outras providências.” (BRASIL, 1989).

Nesta mesma lei o Poder Público e seus órgãos tornam-se responsável por assegurar aos portadores de deficiência os direitos básicos, como educação, saúde, lazer, previdência social, amparo na maternidade e de outros que proporcionam seu bem estar físico, mental e espiritual, além de estabelecer a punição de 1(um) a 4 (quatro) anos de reclusão e multa em casos de não cumprimento da referida Lei.

Conclusão 

Concluímos que comunicação efetiva exige respeito pelo outro, aceitando-o em toda sua extensão como um ser singular, sendo necessário que os indivíduos envolvidos nesse processo de interação possam apresar-se e serem corretamente compreendidos.

O domínio da comunicação não verbal instrumentaliza o profissional para uma assistência de melhor qualidade, na medida em que interpreta com maior amplitude as mensagens emitidas pelos seus clientes, elevando sua capacidade de satisfazer as necessidades por eles apresentadas.

Neste estudo, os participantes explicitaram sua satisfação em aprender a LIBRA, enfatizando sua importância para a prática assistencial.

No universo dos indivíduos portadores de deficiência auditiva, a comunicação por meio da linguagem falada é ineficaz, porém, quando há disposição para interação, os gestos, o toque e a expressão facial permitem a transmissão e captação de mensagens. A escrita pode ser outraalternativa, porem, muitos portadores de surdez, talvez até pela dificuldade de inclusão social, não são alfabetizados. Desse modo, a interação do profissional de saúde com essa clientela especifica, pode ser favorecida pela Língua Brasileira de Sinais. Portanto, e necessário que os profissionais da saúde estejam habilitados para essa forma de comunicação afim de que possam prestar a esses indivíduos uma assistência de qualidade.

Entende-se, por fim, que a humanização da assistência em saúde, hoje amplamente discutida, passa obrigatoriamente pela comunicação que se estabelecem nas relações terapêuticas entre profissionais e clientes, uma vez que a comunicação é elemento importante para a qualidade das relações humanas.

Referencias

1. Ministério da Saúde (BR).Programa nacional de Humanização da Assistência Hospitalar. Disponível em: http://www.humaniza.org.br. Acesso em 06 Mar. 2013.

2. Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos. LIBRAS: Língua Brasileira de Sinais. Disponível em: http://www.feneis.com.br. Acesso em 06 Mar. 2013.

3. Cembranelli F.Um projeto de humanização: para quê, para quem? Disponível em:http://www.humaniza.org.br. Acesso em 07 Mar. 2013.

4. Betts J.Considerações sobre o que é humano e o que é humanizar.Disponível em:http://www.humaniza.org.br. Acesso em 07 Mar. 2013.
Fôlder - Linguagem de Sinais para o Técnico de Enfermagem.



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